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terça-feira, 22 de março de 2011

CARACTERÍSTICAS DA DOENÇA E PARASITISMO

Prof. Francisco Baptista

A forma como a doença ocorre, apresentando ou não sinais e sintomas de que a normalidade foi rompida, permite classificá-la em clínica ou subclínica, respectivamente. Quanto à forma de apresentação, as doenças podem ainda ser classificadas como típicas ou atípicas. A forma típica é a forma aguda, com exuberância de sinais e sintomas típicos da doença, o que facilita o diagnóstico sem necessidade de recurso a métodos diagnósticos complementares. Já nas formas atípicas a doença é pobre em sinais e sintomas e estes, quando presentes não lembram o quadro típico da doença e o seu diagnóstico requer geralmente o emprego de métodos complementares como radiologia, análise de tecidos, entre outros. São consideradas formas atípicas a subaguda, superaguda e crônica. Esta última corresponde a uma forma arrastada. Geralmente, pode-se dizer que uma doença infecciosa caminha para a cronicidade ou desfecho desfavorável quando a duração tende a ser superior a 30 dias. Um intervalo de tempo que caracteriza as doenças é o chamado período de incubação; é o período de tempo que vai da entrada do agente no hospedeiro até ao aparecimento de sinais ou sintomas da sua ação deletéria. Como depende de características do hospedeiro e do agente esse período varia entre limites mais ou menos amplos – desde algumas horas até vários meses. Geralmente é considerado um período médio para cada doença e espécie de hospedeiro. Desde a penetração do agente no hospedeiro até à possibilidade da sua evidenciação direta ou indireta decorre um período de tempo designado por período pré-patente. Corresponde ao período em que a interação entre agente e hospedeiro não pode ser revelada pelos procedimentos diagnósticos disponíveis. O período prodrômico marca o fim do período de incubação e início da apresentação de sintomas e sinais de doença. Na interação dos parasitas (agentes vivos de doença) com os hospedeiros, designada por parasitismo, estes são sempre prejudicados, ao contrário do que acontece no comensalismo ou na simbiose. O parasita procura no hospedeiro a garantia da perpetuação da sua espécie. O grau de parasitismo pode variar desde uma situação de espoliação continuamente compensada pelo hospedeiro (sem alteração aparente deste) até dano capaz de comprometer o hospedeiro como unidade biológica viável, sobrevindo assim a sua morte. Caso as forças defensivas do hospedeiro (específicas e inespecíficas) consigam destruir o agente agressor, a homeostasia é restabelecida e o estado de equilíbrio com o meio mantido. Da interação com os parasitas resultam condições ou estados patológicos para o hospedeiro, cujo reconhecimento é de fundamental importância paras ações de restituição ou promoção da saúde individual e coletiva. Considera-se portador todo o vertebrado que transporte, albergue e permita a eliminação para o meio, ou para outro hospedeiro susceptível, de algum agente de doença. Os portadores podem apresentar-se nos estados, pré-patente, de incubação, prodrômico, subagudo, hiperagudo, agudo, de convalescença e crônico. Quando o portador é responsável pela manutenção da doença na natureza recebe o nome de reservatório. Desta forma, no ciclo urbano da raiva, o homem se infeta geralmente a partir de cães acometidos pela doença, sendo estes os responsáveis pela manutenção do ciclo urbano da doença e, conseqüentemente, são os reservatórios do vírus rábico nesse ciclo. Situação idêntica é observada na brucelose bovina. Nestes animais (vacas) a brucelose é doença bacteriana abortiva provocada por Brucella abortus e que pode ser transmitida ao homem a partir de animais acometidos ou a partir de produtos, como o leite, manteiga ou queijo. Contudo a infecção no homem termina geralmente em dedo de luva, não sendo ele, mas sim os bovinos, os responsáveis pela manutenção da doença na natureza; portanto são estes os reservatórios do agente etiológico. Em determinadas circunstâncias os hospedeiros saudáveis, mas susceptíveis, dividem o mesmo espaço com indivíduos infectados, durante tempo suficiente para se dar a transferência do agente de doença dos infectados para os saudáveis. Estes, durante o período pré-patente ou
de incubação da doença, são considerados como infetados e se designam por contatos. Por isso, os contatos são alvo de medidas preventivas de isolamento, tratamento ou até mesmo sacrifício quando se trata de  animais. Quando submetidos à quarentena (isolamento por tempo geralmente correspondente ao período de incubação), os contatos podem ser alvo de procedimentos de diagnóstico que permitem a análise de diversos produtos como urina, fezes, tecidos, leite, plasma seminal, entre outros. Este diagnóstico visa, direta ou indiretamente, antecipar o diagnóstico clínico que, muitas vezes, é falível por pobreza de sinais e sintomas. Cumprida a quarentena e sendo negativos os exames diagnósticos, os contatos são considerados saudáveis para as patologias pesquisadas podendo integrar a comunidade (ex. rebanhos, no caso de animais).
 
Bibliografia
 
1. FORATTINI, Oswaldo Paulo. Epidemiologia Geral. 2ª Ed. Depto de Epidemiologia: Faculdade de Saúde Pública – USP. Editora Artes Médicas, 1996.
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