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segunda-feira, 21 de março de 2011

CONCEITUAÇÃO E ÂMBITO DA EPIDEMIOLOGIA

Prof. Francisco Baptista


A Epidemiologia (Gr. Epi = sobre, Demos = povo e Logos = estudo) pode ser definida como o ramo do conhecimento científico que se ocupa dos eventos saúde - doença nas populações e das medidas de defesa e promoção da saúde coletiva.


A Epidemiologia mede a qualidade de vida e preconiza a avaliação, desenvolvimento e aplicação de medidas que promovem o bem estar do homem e dos animais. É a base da defesa da saúde populacional porque identifica e mede a freqüência dos agravos à saúde e indica as medidas corretivas (curativas ou profiláticas) a serem aplicadas.

Na abordagem epidemiológica os indivíduos são geralmente agrupados ou avaliados segundo características como idade, sexo, modo de vida, local de residência, entre outras. Desta forma, medindo a freqüência dos agravos à saúde, a Epidemiologia é capaz de identificar grupos de risco; nestes, a freqüência do agravo deve ser significativamente maior, embora não se exclua a possibilidade da sua ocorrência em grupos sem a característica considerada.

Definindo-se saúde como um estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo animal e as forças endógenas ou exógenas capazes de romper esse equilíbrio e provocar doença, compreende-se que a Epidemiologia se deve ocupar também dessas forças, sejam elas físicas, químicas, biológicas ou sociais. Assim, esta disciplina, para além de se ocupar das doenças, também se refere aos determinantes, fazendo o mapeamento espacial (geográfico) e temporal de ambos, medindo a sua magnitude e definindo as medidas de controle ou erradicação dos agravos à saúde nas populações.


O conhecimento gerado pela Epidemiologia é fundamental para a descrição de como as doenças se originam, progridem e mantêm nas populações, o que se constitui na história natural das mesmas. Esse conhecimento permite antever o desfecho (prognóstico) e, conseqüentemente, a aplicação de medidas que ao modificarem a história natural das doenças podem defender a saúde individual ou populacional.

Do acima exposto, pode-se definir Epidemiologia como o ramo do conhecimento científico que se ocupa da distribuição e freqüência das doenças e dos seus determinantes nas populações e das medidas de defesa, recuperação e promoção da saúde coletiva.

São determinantes de doença os fatores, inerentes aos hospedeiros, aos agentes e ao meio, capazes de afetar a saúde e provocarem doença ou morte.

O principal objetivo da clínica é a recuperação da saúde dos pacientes (enfermos) e a sua ação termina quando o desfecho da doença é a cura ou a morte. Porém, à Epidemiologia interessam tanto os hospedeiros doentes quanto os saudáveis, incapacitados ou mortos. 



A compreensão do fenômeno epidemiológico passa, necessariamente, pelo conhecimento de cada elemento que dele pode participar e das relações que esses elementos mantêm ou podem manter entre si.
Dessa forma, a Epidemiologia assenta no conhecimento dos hospedeiros, das causas de doença e do ambiente endógeno ou exógeno que modela e influencia a ocorrência, progressão e desfecho dos processos mórbidos, para em seguida definir e desenvolver medidas de restabelecimento da saúde populacional. Para tanto, a Epidemiologia recorre ao marco teórico de outras disciplinas científicas como a Citologia, Fisiologia, Microbiologia, Ecologia, Patologia, Parasitologia, Demografia, Estatística, entre outras. O avanço do conhecimento, em qualquer uma das áreas com as quais se relaciona, permite à Epidemiologia a formulação e reformulação da abordagem dos eventos saúde - doença nas populações e, conseqüentemente, o enriquecimento do seu próprio acervo.

Diferentes denominações, como epidemiologia clínica, epidemiologia genética, epidemiologia molecular, podem ser encontradas na literatura, representando apenas enfoques distintos dentro de uma mesma ciência, a Epidemiologia. Esta, como todas as outras ciências, para estudar os eventos saúde-doença nas populações, identifica problemas, adianta soluções para eles (formulação de hipóteses), testa essas soluções (hipóteses) e, em função dos resultados e com certo grau de confiança, aceita ou rejeita essas soluções.

Bibliografia
1. FORATTINI, Oswaldo Paulo. Epidemiologia Geral. 2ª Ed. Depto de Epidemiologia: Faculdade de Saúde Pública – USP. Editora Artes Médicas, 1996.
2. LESER, Walter. et al. Elementos de Epidemiologia Geral. São Paulo – Rio de Janeiro – Belo Horizonte: Editora Atheneu, 1997.
3. SAÚDE, Ministério da. Estudos Epidemiológicos. Ed. Única. Fundação Nacional da Saúde – Vigilância Epidemiológica. Agosto/2000.
4. PEREIRA, Mauricío Gomes. Epidemiologia: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A.,2001.
5. ROUQUAYROL, Maria Zélia. et al. Epidemiologia e Saúde. 5ª Ed. Rio de Janeiro: Editora Medsi, 1999.
6. JEKEL, James F. et al. Epidemiologia, Bioestatística e Medicina Preventiva. 1ª Ed. Porto
Alegre: Editora Artmed S.A., 2002.



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